“Não seremos capazes de promover uma melhoria acentuada nas
taxas de sucesso enquanto circunscrevermos os curricula a uma hegemonia de disciplinas
de base científica e tecnológica. A diversidade das matérias e das disciplinas
lecionadas deve ser maior, deve atrair a escola outros saberes, outras formas
de abordar os problemas da vida e da sociedade. O teatro, a dança, as artes
devem entrar nos muros da escola pela porta grande. Têm o mesmo mérito e
importância que a física, a matemática, a química, as línguas, a geografia ou a
biologia. Informam do mundo e da vida. Onde está escrito ou demonstrado que é o
conhecimento de natureza científica e tecnológica que mais realiza os homens? Que
estudos fundamentam ou sustentam tal premissa?” (Daniel Rijo, Público, 13 de
março de 2013, p. 46)
Carlos Araújo Alves escreve como comentário a este texto que: "defendo exactamente assim, mas conheço o risco de interpretar esse não circunscrever a hegemonia a disciplinas de base científica e tecnológica a desvalorizá-las. Há que quer muito cuidado para nada se subestimar e conseguir-se constituir um currículo que seja abrangente, mas sem prejuízo da qualidade e a exigência."
Concordando com a afirmação,
no entanto algumas das questões que se colocam dizem respeito por exemplo às
singularidades e complementaridades entre diferentes saberes e à importância de
se lidar com esta diversidade e particularismos e não uma dimensão acrítica e
uma narrativa dominante centrada exclusivamente em determinados saberes . Por
outro lado no plano da educação artística o fato de que "querer ser igual
às outras disciplinas" tem, do meu ponto de vista, impossibilitando a
assunção das características do trabalho e do ato artístico nos planos
criativos, interpretativos, científicos, filosóficos, técnicos (etc) e no seu
confronto com as outras áreas e os diferentes públicos, quer no que diz
respeito às artes do palco quer às outras formas de arte. O que me perturba são
as exclusões, as hegemonias, os pensamentos únicos e as dificuldades de se
lidar com o diferente e com as dimensões criativas e imprevisíveis do ato de
aprender e de construir uma identidade pessoal, cultural, social, humana. No
fundo de não se saber (querer?) lidar com a complexidade e reduzi-la a algumas
dimensões que se podem "medir". E sabemos bem as consequências
sociais, culturais, artísticas e políticas de se reduzir a complexidade das
coisas...
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